DESPERTAR
DESPERTAR

        Enquanto a noite cai, suavemente

Envolvendo-me no crepúsculo do seu manto.

Fujo à realidade do presente

Amo, sofro, choro, rio e canto.

 

Adormeci, embalo por quimeras...

Perdi-me num sonho que vivi!

Ao despertar, não encontrei as primaveras

Que possuía, quando adormeci.

 

Assim envolvido em tal desgosto

Vão aumentado as rugas do meu rosto

Que me trazem torturado!

 

Funesta, essa noite que encontrei

A tal sonho me entreguei

Melhor fora, não ter acordado.

 

 

PORTIMÃO ; 10/11/1975

 

MANUEL FERREIRA MARQUES