QUANDO
QUANDO

Quando o silêncio me dão

E evitam dizer meu nome

é como negar-me o pão

Para me habituar  á fome

 

Não uses tanto disfarce

Pois podes ferir alguém

O amor tem outra face

Que pode ferir também

 

Fala-se em  falta de tempo

Quando se tem tempo a mais

é sinal que sopra o vento

Para outro porto outro cais

 

Quando se arranja desculpas

Para as nossas faltas tapar

Estamos a assumir as culpas

Do que se não quer aceitar

 

Gostava de não sentir

Estas coisas que se sentem

Para não ter que fingir

Que as pessoas não me mentem

 

Gostava de não saber

As coisas que  ás vezes sei

Porque elas vêm dizer

O que tu negas tão bem

 

Quando tentamos fugir

Do que em silêncio gostamos

é recusar e pedir

O que menos precisamos

 

PORTIMAO : 25/01/1999

Manuel Ferreira Marques